Angola poderá registar uma perda de cerca de seis milhões de dólares/dia, a partir de 1 de Maio, caso se efective o corte de 348 mil barris de petróleo na sua produção diária, afirmou hoje, sexta-feira, o analista e especialista do sector Patrício Quingongo.

A previsão surge com base no acordo alcançado à madrugada desta sexta-feira pelos países da OPEP e não OPEP em reduzir 10 milhões de barris da produção mundial, para equilibrar a oferta e aumentar os preços.

Angola produz, actualmente, 1.4 milhão de barril de petróleo/dia e vai reduzir para um milhão e 180 mil barris, resultado do ajustamento feito durante o encontro realizado por vídeo – conferência.

O especialista, que falava à Angop, considerou importante a materialização da referida medida, justificando ser a única maneira para se evitar uma baixa do crude até USD 20 por barril.

Apesar de considerar positiva a medida da implementação do corte da produção, o analista sublinhou que a mesma deveria ter sido feita há um mês e meio, uma vez que o mercado se encontra com excesso de petróleo de mais 800 milhões de barris e a demanda caiu em mais de 30 por cento.

Para Patrício Quingongo, o impacto do corte na produção petrolífera não será apenas nos preços, mas vai ajudar na redução do excesso de petróleo no mercado, apesar do país poder vir a registar uma redução negativa entre a baixa do preço do petróleo e da produção.

“Com a redução do consumo de energia e de petróleo no mundo, a actividade económica mundial está paralisada e os produtores petrolíferos mantiveram as suas produções, mesmo sem escoamento, aumentando os níveis de armazenamento” explicou.

“Estima-se que até o mês de Maio nenhum país produtor quererá armazenar petróleo, daí a necessidades de haver cortes na produção. Quanto mais haver propagação da  pandemia do Covid-19, mais impacto negativo haverá sobre a economia mundial e a indústria petrolífera vai sofrer, assim como alguns países podem deixar de produzir”, realçou o analista.

A situação do mercado petrolífero começou a deteriorar-se quando a China maior consumidor mundial de crude optou pelo confinamento obrigatório em todas as cidades, para evitar a propagação do Covid-19, medida que induziu a redução do consumo de petróleo. A crise do preço do petróleo agudizou-se quando os dois maiores produtores mundiais, Rússia e Arábia Saudita, entraram, em Março, numa guerra de aumento da sua produção.